A Moody’s rebaixou a classificação de crédito soberano dos Estados Unidos de AAA para AA1, encerrando mais de um século de nota máxima concedida ao país desde 1917. A decisão reflete preocupações com a trajetória fiscal insustentável, marcada pelo crescimento da dívida pública e dos gastos com juros. A agência projetou que a relação dívida/PIB pode saltar de 98% em 2024 para 134% em 2035, com os pagamentos de juros consumindo 30% da arrecadação federal, ante os atuais 18%.
O rebaixamento também destacou a paralisia política na contenção de déficits, com sucessivos governos e o Congresso falhando em aprovar medidas de longo prazo para equilibrar as contas. Propostas recentes, como cortes de impostos, podem ampliar ainda mais o endividamento. A Moody’s foi a última das três grandes agências a retirar o selo AAA dos EUA, seguindo os passos da S&P (2011) e da Fitch (2023), mas manteve perspectiva estável, citando a resiliência da economia e o papel global do dólar.
No mercado, a mudança pressionou os rendimentos dos títulos do Tesouro americano, com taxas de 10 anos subindo para 4,49%. Analistas divergem sobre o impacto: alguns veem riscos de prêmios mais altos para financiar a dívida, enquanto outros, como um economista consultado, acreditam que o efeito será limitado. O rebaixamento serve como alerta sobre os limites do “privilégio exorbitante” dos EUA, mostrando que mesmo vantagens estruturais não dispensam a necessidade de fundamentos fiscais sólidos.