O sonho de ter um carro zero no Brasil está cada vez mais distante para muitos consumidores, com preços subindo 145% em oito anos, enquanto o salário mínimo aumentou apenas 72%. Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, atribui o encarecimento não apenas à inflação, mas também aos custos de produção e à incorporação de tecnologias obrigatórias, como airbags, freios ABS e sistemas de controle de emissões. Ele defende uma colaboração entre indústria e governo para reduzir custos e tornar os veículos populares viáveis novamente, destacando a necessidade de políticas públicas que incentivem a produção local e reduzam a dependência de importações.
A Stellantis, dona de marcas como Fiat, Jeep e Peugeot, anunciou um investimento de R$ 30 bilhões no Brasil entre 2025 e 2030, focando em veículos com tecnologias híbridas e elétricas. Cappellano ressaltou que a previsibilidade oferecida por programas governamentais, como o Mover, foi crucial para a decisão de investir no país. No entanto, ele admite que os modelos mais básicos não devem ficar mais baratos, já que a montadora prioriza a flexibilidade tecnológica para atender às demandas do mercado.
O executivo também comentou a preferência dos brasileiros por SUVs, que hoje representam 53% das vendas, mas negou que esse segmento seja mais lucrativo que os hatches tradicionais. Sobre as marcas Citroën e Peugeot, que perderam espaço no mercado, Cappellano atribuiu a queda à falta de lançamentos recentes, mas expressou confiança em uma recuperação gradual com novos modelos. A estratégia da Stellantis, segundo ele, é fortalecer a percepção das marcas francesas, mostrando que compartilham tecnologias com as demais marcas do grupo.