Estruturas submarinas únicas, com cerca de 20 metros de diâmetro, foram descobertas na costa da Córsega. Compostas por algas calcárias milenares, os chamados rodolitos, essas formações datam de aproximadamente 21.000 anos, remontando à última era glacial. A descoberta, inicialmente detectada em 2011 e esclarecida em 2021 após expedições de mergulho, oferece insights valiosos sobre as transformações climáticas ao longo dos milênios. Os pesquisadores concluíram que os anéis se formaram quando o mar era mais raso, com condições ideais de luz e temperatura para o crescimento das algas. Com o derretimento do gelo glacial e a subida do nível do mar, o ambiente mudou, dando origem às misteriosas formações circulares que existem hoje.
As expedições revelaram um ecossistema preservado e raro, habitado por espécies como corais amarelos, caranguejos-diabo e gorgônias rosadas. No entanto, apesar da localização remota e da profundidade que garantiam sua proteção, os anéis agora enfrentam ameaças devido ao tráfego de navios comerciais. Apenas parte dessas estruturas está dentro de uma área protegida, enquanto outras estão em rotas frequentes de embarcações, correndo o risco de serem danificadas por âncoras. O Parque Natural Marinho de Cap Corse e Agriate estuda medidas para limitar a passagem de navios e preservar esse tesouro submarino.
A costa da Córsega, no Mar Mediterrâneo, é conhecida por sua beleza selvagem e biodiversidade marinha, abrigando ecossistemas intocados e espécies ameaçadas, como a foca-monge-do-mediterrâneo. Além de sua riqueza natural, a região tem uma história marcada por navegações antigas, com vestígios de naufrágios romanos. Porém, a atividade humana, incluindo o turismo intenso e o tráfego marítimo, representa um desafio para a conservação. A descoberta dos anéis de rodolitos não apenas amplia o entendimento sobre as mudanças climáticas, mas também reforça a urgência de proteger esses ecossistemas frágeis e únicos.