O Ministério das Mulheres, apesar de ter recebido um aumento significativo de recursos nos últimos anos, enfrenta dificuldades para colocar projetos em prática. Em 2025, o orçamento autorizado chegou a R$ 370,54 milhões, mas apenas 2,7% desse valor foi efetivamente pago até o momento. Em 2024, a situação não foi diferente: apenas 14,29% dos recursos destinados a três programas principais — Igualdade de decisão e poder para as mulheres, Mulher viver sem violência e Autonomia econômica das mulheres — foram executados. Estudos sugerem que parte do orçamento pode ter sido direcionada para o pagamento da dívida pública, em detrimento de políticas sociais.
A fragilidade na execução orçamentária foi discutida em audiência no Congresso, onde parlamentares destacaram a dificuldade de implementar políticas duradouras para mulheres. A secretária-executiva do ministério admitiu que os recursos são insuficientes diante da magnitude dos problemas, como a violência doméstica e a falta de infraestrutura, citando como exemplo o alto custo e a lentidão na construção de Casas da Mulher Brasileira. Além disso, mais de 70% dos recursos do setor dependem de emendas parlamentares, o que dificulta a criação de ações sistêmicas.
A troca recente na liderança do ministério reflete a necessidade do governo de acelerar a execução de políticas para mulheres, especialmente em um contexto eleitoral, já que a pasta é vista como estratégica para conquistar o apoio do público feminino nas eleições de 2026. A nova gestão terá o desafio de destravar recursos, dar visibilidade a ações concretas e apresentar resultados em áreas sensíveis, como combate à violência de gênero e autonomia econômica, enquanto o governo prepara sua campanha para a reeleição.