A curva de juros no Brasil acompanhou o movimento dos Treasuries norte-americanos, com investidores revendo expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve após dados mostrarem a economia dos EUA mais resiliente do que o esperado. Os índices PMI de serviços, medidos pelo ISM e pela S&P Global, surpreenderam positivamente, contrariando projeções de desaceleração. Isso reforçou a inclinação da curva de juros global, refletindo também no mercado doméstico, onde as taxas para contratos futuros como o DI de 2026, 2027 e 2029 registraram altas.
O cenário foi influenciado ainda pela valorização do dólar frente a moedas emergentes, após a decisão da Opep+ de acelerar a produção de petróleo em junho. No Brasil, a redução no preço do diesel pela Petrobras amenizou parcialmente a pressão inflacionária, mas não foi suficiente para conter o movimento de alta nos juros, especialmente no curto prazo. O economista-chefe da Nova Futura destacou que o mercado está ajustando suas posições diante da desistência da tese de recessão nos EUA e do impacto do câmbio na política monetária local.
No final da tarde, os juros atingiram novos patamares após notícias de que o governo avalia criar uma linha de crédito para motoristas de aplicativo. Analistas interpretaram a medida como contrária ao esforço do Banco Central para restringir o crédito e controlar a inflação, aumentando a demanda por prêmio de risco. A combinação de fatores externos e internos manteve a pressão ascendente nas taxas, refletindo a cautela do mercado com as políticas fiscal e monetária.