Em 2010, o Brasil vivia uma eleição histórica, marcada pela disputa entre dois grandes candidatos e pela transição da mídia impressa para o digital. O autor relembra a cobertura intensa da campanha, desde as caravanas pelo interior do país até os momentos icônicos, como o incidente com uma bolinha de papel. Na época, o futuro parecia promissor, com o país em ascensão e a digitalização vista como um caminho sem volta, embora ainda houvesse nostalgia pelas redações tradicionais e suas revistarias repletas de inspiração.
Quinze anos depois, o cenário político e midiático mudou radicalmente. A comunicação acelerou-se com smartphones e redes sociais, transformando a propaganda eleitoral e a politização em um fenômeno caótico, impulsionado por algoritmos e desinformação. O tom das campanhas tornou-se mais agressivo, com episódios de violência real substituindo os conflitos simbólicos do passado. A frase “pior que tá não fica”, que parecia uma piada em 2010, acabou se tornando um triste reflexo da realidade.
O texto reflete sobre como a democracia e a modernização foram atropeladas por mudanças bruscas, sem regulação ou preparo. A crise atual é, em parte, resultado dessa transição desordenada, onde a tecnologia amplificou divisões e medos. O desafio agora é entender como o país chegou a esse ponto e buscar caminhos para reconstruir um diálogo mais saudável, antes que o avião, que um dia parecia decolar, caia de vez.