Os memes que brincam com a ideia de Portugal como uma “Guiana Brasileira” viralizaram nas redes sociais, destacando tanto a influência crescente da cultura brasileira no país quanto as tensões geradas por essa presença. A adoção do Pix em supermercados portugueses e o uso de expressões brasileiras no cotidiano ilustram essa dinâmica, que divide opiniões: enquanto alguns portugueses veem a situação como uma perda de identidade, outros encaram como uma troca cultural natural. A comunidade brasileira em Portugal, que ultrapassa 510 mil pessoas, tem levado seus costumes, música e até mesmo práticas judiciais ao país, gerando debates sobre imigração e integração.
Por outro lado, partidos de direita e grupos conservadores têm reagido com preocupação, classificando a “brasileirização” como uma ameaça à cultura local. Casos de xenofobia aumentaram nos últimos anos, e páginas nas redes sociais propagam discursos anti-imigração, associando a presença brasileira a problemas como criminalidade e desemprego. Especialistas apontam que a reação negativa pode estar ligada a uma dificuldade de Portugal em revisar criticamente seu passado colonial, enquanto no Brasil o humor das redes sociais serve como uma forma de lidar com ressentimentos históricos e experiências atuais de discriminação.
Apesar das polarizações, sociólogos destacam que a interação entre os dois países é, em grande parte, uma mistura cultural inevitável e benéfica. A influência brasileira é visível em setores como educação, gastronomia e entretenimento, mas a ideia de uma “colonização reversa” é considerada um exagero. Enquanto os memes continuam a circular, o debate revela desafios mais profundos sobre identidade, migração e como nações lidam com legados históricos compartilhados.