A decisão do governo brasileiro de zerar os impostos de importação de alimentos como carne, açúcar, milho e café completa dois meses em maio, mas especialistas avaliam que o impacto na redução de preços é mínimo. Economistas entrevistados destacam que a medida, embora simbólica e bem-intencionada, não deve alterar significativamente os preços dos produtos, já que o Brasil é um grande exportador desses itens. Fatores como safras recordes, condições climáticas e oscilações sazonais têm influência maior nos preços do que a desoneração fiscal.
Entre as razões para a ineficácia da medida está o fato de o país ser um produtor relevante dos próprios alimentos isentos, como o café, o que reduz a necessidade de importações. Além disso, choques de oferta, como secas ou excesso de chuvas, e variações no consumo – como a alta na demanda por ovos durante a Quaresma – têm peso maior na inflação de alimentos. Especialistas sugerem que políticas de incentivo à produção, melhoria na infraestrutura logística e redução de gargalos nas cadeias produtivas seriam mais eficazes para conter a alta de preços no médio e longo prazos.
Apesar de alguns benefícios pontuais, como aumento da oferta e possível alívio temporário para o consumidor, a medida traz riscos, como enfraquecimento da produção nacional e maior dependência de importações. A renúncia fiscal também pode impactar as receitas do governo, limitando investimentos em serviços públicos. Para os economistas, a ação deve ser vista como emergencial e precisa ser acompanhada de estratégias mais amplas para garantir estabilidade nos preços e no abastecimento.