Um projeto do MapBiomas, em parceria com o Iphan, mapeou 27.974 sítios arqueológicos no Brasil, disponibilizando dados públicos que permitem analisar mudanças no uso do solo entre 1985 e 2023. O estudo mostrou que, atualmente, 49,6% desses locais estão em áreas desmatadas ou ocupadas por atividades humanas, como agricultura e pastagens, enquanto em 1985 esse percentual era de 41,5%. A vegetação nativa, que antes predominava no entorno dos sítios, cedeu espaço para a agropecuária, que hoje representa 43,1% da cobertura do solo nessas regiões.
A análise por estados revelou que a Bahia, o Paraná e Minas Gerais concentram o maior número de sítios arqueológicos cadastrados. Enquanto o Acre, o Rio de Janeiro e o Espírito Santo lideram em termos de intervenção humana no entorno desses locais, Roraima, Piauí e Amapá mantêm a maior proporção de vegetação nativa próxima aos sítios. Além disso, alertas de desmatamento entre 2019 e 2024 atingiram 122 sítios, principalmente nos biomas Caatinga, Mata Atlântica e Amazônia.
O estudo alerta para os riscos que a expansão agrícola e de energias renováveis representam para a preservação desses locais históricos. Segundo os pesquisadores, embora a atividade humana tenha ajudado a revelar muitos sítios arqueológicos, a ocupação recente ameaça sua integridade. Os dados aberto ao público visam auxiliar na proteção desses espaços, evitando que danos irreversíveis apaguem parte da história do país.