Em muitas comunidades do Rio de Janeiro, os frequentes tiroteios entre criminosos e policiais tornaram-se uma rotina aterrorizante, especialmente para as crianças. Mães relatam o desespero dos filhos, que muitas vezes tremem e choram ao ouvir os disparos, confundindo o eco com tiros dentro de casa. Crianças com transtornos do espectro autista sofrem ainda mais, devido à hipersensibilidade auditiva, que agrava os traumas e atrasos no desenvolvimento.
Para amenizar o impacto, uma iniciativa no Complexo do Alemão distribui fones com abafadores acústicos, impedindo que os menores ouçam os sons dos conflitos. A idealizadora do projeto explica que a medida surgiu da necessidade de proteger sua própria filha, que precisava se isolar em um quarto com ventiladores barulhentos para abafar o barulho. O objetivo é oferecer um pouco de alívio em meio à violência urbana, que afeta diretamente o bem-estar psicológico e emocional das crianças.
Especialistas alertam que a exposição constante a tiroteios causa retrocessos no desenvolvimento infantil, incluindo a interrupção de terapias e o aumento de medicações. A situação, embora tratada como comum por muitos, é uma grave violação de direitos, segundo os envolvidos no projeto. A iniciativa busca não apenas proteger as crianças, mas também chamar atenção para a urgência de soluções mais amplas que garantam segurança e dignidade a essas famílias.