Uma mulher de 71 anos reencontrou sua filha após 44 anos de buscas, em um caso que expõe falhas no sistema de adoção internacional da Coreia do Sul. A filha, levada aos Estados Unidos em 1975 com documentação falsa que a identificava como órfã, foi localizada em 2019 por meio de um teste de DNA realizado por um grupo que reconecta famílias separadas. Originalmente chamada Kyung-ha, ela foi sequestrada em Seul aos seis anos de idade e encaminhada a um orfanato antes de ser adotada por uma família americana, onde vive atualmente como enfermeira.
O caso é um dos primeiros em que um familiar biológico processa o governo sul-coreano por negligência no programa de adoções, marcado por denúncias de sequestros, fraudes e tráfico de crianças. Uma investigação oficial recente confirmou violações de direitos humanos, apontando que agências privadas exportaram crianças em larga escala, muitas vezes com fins lucrativos. Desde os anos 1950, estima-se que até 200 mil coreanos foram adotados no exterior, principalmente nos EUA e Europa.
A mãe, que percorreu delegacias, orfanatos e programas de TV durante décadas em busca da filha, agora busca reparação judicial. Ela afirma nunca ter recebido um pedido de desculpas do Estado. Em entrevista, a filha relatou sentir que “um buraco no coração foi curado” após o reencontro. O governo sul-coreano declarou solidariedade às vítimas, mas aguarda o resultado do processo para tomar medidas.