Duas leis federais determinam prazos máximos para diagnóstico (30 dias) e início de tratamento (60 dias) de câncer no SUS, mas quase metade dos pacientes não consegue atendimento dentro desses limites. Um levantamento do Instituto Oncoguia revela que, entre 2018 e 2022, 42% dos diagnósticos e 46% dos tratamentos foram realizados com atraso, com casos como câncer de próstata (71%) e mama (65%) sendo os mais afetados. A demora prejudica a eficácia do tratamento e a qualidade de vida dos pacientes, além de gerar custos adicionais para o sistema de saúde.
Pacientes enfrentam filas intermináveis e burocracia, como uma mulher que esperou quase um ano pelo diagnóstico de câncer de pulmão e ainda aguarda consulta com oncologista. Outra paciente, com suspeita de tumor no rim, aguarda cirurgia há nove meses, enquanto o risco de metástase aumenta. Hospitais públicos alegam necessidade de exames complementares ou agendamento prioritário, mas os prazos legais continuam sendo ignorados na prática.
O ministro da Saúde anunciou parcerias com hospitais privados e operadoras de planos de saúde para reduzir a espera por consultas, exames e cirurgias. Especialistas alertam que o atraso no tratamento exige intervenções mais agressivas e impacta a economia, com pacientes afastados do trabalho por mais tempo. Enquanto as medidas não surtem efeito, milhares de brasileiros dependentes do SUS seguem vulneráveis à progressão da doença.