O Kichute, lançado em 1970 pela Alpargatas, tornou-se um ícone nacional ao unir praticidade e paixão pelo futebol. Feito de lona resistente e solado de borracha com cravos, o calçado era uma mistura de tênis esportivo e chuteira, ideal para crianças e adolescentes. Sua popularidade foi impulsionada por campanhas de marketing com figuras como Zico e pelo preço acessível, tornando-o uma opção econômica para famílias durante a ditadura militar. No auge, vendeu 9 milhões de pares por ano, equivalente a quase 10% da população brasileira na época.
Além de dominar recreios e peladas de rua, o Kichute chegou a ser adotado como parte do uniforme dos garis de São Paulo nos anos 1990. A Alpargatas expandiu sua linha esportiva com marcas como Topper, mas o sucesso do Kichute começou a declinar com a abertura econômica e a chegada de marcas internacionais. Em 1996, a produção foi descontinuada para focar em outros produtos, como Havaianas.
Tentativas de relançamento, como a da Vulcabras em 2005, apostaram na nostalgia, mas não recuperaram o mesmo impacto. O Kichute permanece como uma lembrança afetiva de uma geração, simbolizando criatividade e resistência em um período marcante da história brasileira.