Um relatório publicado pela Folha de S. Paulo revelou que o presidente da Câmara dos Deputados abrigou em seu gabinete um ex-diretor de uma entidade investigada por fraudes em descontos associativos no INSS. A organização em questão, a Conafer, é alvo da operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que apura desvios bilionários em benefícios previdenciários. O ex-diretor, que já atuou como secretário parlamentar, assinou documentos relacionados à arrecadação de fichas associativas durante o período em que trabalhava no gabinete.
Entre 2019 e 2024, a Conafer recebeu R$ 484 milhões em descontos associativos, valor que disparou nos últimos anos. Em 2019, a arrecadação foi de R$ 350 mil, mas saltou para R$ 202,3 milhões em 2023. A entidade é a segunda maior beneficiária desse tipo de desconto, atrás apenas de outra confederação rural. Documentos da investigação indicam que o ex-diretor estava envolvido na coleta de fichas associativas enviadas ao INSS, mesmo durante seu vínculo com o gabinete parlamentar.
A oposição pressiona pela criação de uma CPI para investigar os descontos irregulares, mas a instalação depende da aprovação do presidente da Câmara. Diante do impasse, foi protocolado um pedido de CPMI, que envolve deputados e senadores. A operação Sem Desconto já identificou R$ 6,3 bilhões em possíveis fraudes, mas algumas entidades, incluindo a Conafer, foram excluídas de ações judiciais recentes.