Uma investigação na Região Metropolitana de Cuiabá expôs um esquema ilegal de venda de imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida. Beneficiários e corretores estão comercializando unidades do programa, violando as regras que proíbem a venda antes da quitação. Enquanto famílias como a de uma mãe de duas crianças autistas aguardam anos por uma oportunidade, algumas unidades são negociadas clandestinamente, com os envolvidos orientando compradores a omitirem a transação.
Para participar da faixa mais acessível do programa, as famílias precisam ter renda de até R$ 2.850 e não possuir imóveis. A seleção é feita por sorteio, com validação pela Caixa Econômica Federal. No entanto, reportagens flagraram apartamentos sendo oferecidos por corretores, inclusive em residenciais recém-inaugurados. Em um caso, uma corretora admitiu que a titular nunca morou no imóvel, indicando que a unidade foi adquirida apenas para revenda.
A Caixa afirmou que, ao receber denúncias, aciona as prefeituras para verificar irregularidades. Em Várzea Grande, 25 casos foram reportados, e os beneficiários estão sendo notificados. O Conselho Regional de Corretores cancelou o registro de 34 profissionais por irregularidades em 2024. Enquanto isso, famílias que dependem do programa questionam a injustiça de quem vende as casas sem necessidade, dificultando o acesso à moradia digna.