O presidente interino de Burkina Faso, Ibrahim Traoré, tem se destacado como símbolo de uma onda anti-imperialista e pan-africanista no Sahel, inspirando-se em líderes históricos como Thomas Sankara e Patrice Lumumba. Desde que assumiu o poder após um golpe militar em 2022, Traoré implementou medidas como a expulsão de tropas francesas, a nacionalização de minas e acordos com Rússia e China, buscando reduzir a dependência do país em relação às potências ocidentais. Seu governo, apoiado por parte da população, enfrenta desafios como o terrorismo islâmico e a construção de instituições políticas após anos de instabilidade.
A ascensão de Traoré reflete um cenário regional marcado por levantes militares no Mali e no Níger, onde governos anteriores eram vistos como submissos a interesses estrangeiros. Especialistas apontam que esses movimentos surgem como resposta à exclusão política e econômica de parte da população, embora os novos regimes ainda sejam acusados de autoritarismo. Enquanto isso, o terrorismo no Sahel continua a crescer, com grupos armados expandindo sua influência e colocando Burkina Faso à beira do colapso.
Apesar dos desafios, Traoré busca posicionar o país como um exemplo de resistência ao neocolonialismo, defendendo a soberania africana e a redistribuição de recursos. Sua abordagem combina retórica revolucionária com ações práticas, como a criação de bancos públicos e projetos de industrialização. Analistas destacam que o futuro do país dependerá da capacidade de equilibrar reformas sociais com a estabilidade política, em um contexto regional cada vez mais conturbado.