Pacientes e familiares do Hospital do Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo, denunciam falhas graves no atendimento, incluindo falta de infraestrutura, demora em cirurgias e violência obstétrica. Relatos incluem a ausência de itens básicos, como toalhas, e casos em que idosos foram liberados sem exames adequados, necessitando posteriormente de transferência para hospitais particulares. Um médico da unidade, que preferiu não se identificar, afirmou que o centro cirúrgico opera com metade da capacidade devido à falta de funcionários, resultando em filas de espera para procedimentos urgentes, incluindo casos oncológicos.
A secretaria estadual de Saúde reconheceu o aumento no volume de reclamações e anunciou medidas para melhorar o atendimento, como a ampliação de convênios e contratações. No entanto, o hospital, que deveria atender entre 5 e 7 mil pacientes mensais, está recebendo até 22 mil, sobrecarregando a estrutura. A pasta também afirmou que as denúncias de violência obstétrica serão apuradas, embora o hospital se declare comprometido com o atendimento humanizado e seja referência em partos de alto risco.
Mulheres relataram ter sido submetidas a procedimentos não consentidos, como indução forçada ao parto normal, além de sofrerem violência verbal e abandono durante o trabalho de parto. Especialistas destacam que a violência obstétrica inclui qualquer conduta que desrespeite a autonomia ou cause sofrimento físico ou psicológico à gestante. A Febrasgo reforça a importância de práticas humanizadas, como o uso do nome da paciente e a presença de acompanhantes, mas os relatos indicam que essas diretrizes nem sempre são seguidas no hospital.