O Dia Nacional da Luta Antimanicomial, celebrado em 18 de maio, marca a resistência contra os tratamentos desumanos que predominaram na psiquiatria brasileira. Ao longo do século XX, pacientes neurodivergentes foram submetidos a práticas violentas, como lobotomias, eletrochoques e confinamento em manicômios, muitas vezes justificadas por crenças em possessões demoníacas. O movimento ganhou força durante a redemocratização do país, impulsionado por profissionais que defendiam uma abordagem mais acolhedora e menos intervencionista, como Juliano Moreira e Nise da Silveira, cujos legados influenciaram a reforma psiquiátrica brasileira.
No Rio de Janeiro, a Colônia Juliano Moreira, que completa 100 anos em 2025, simboliza tanto o passado sombrio dos manicômios quanto a transformação em direção a um cuidado mais humanizado. O local, hoje sede do Museu Bispo do Rosário, abriga exposições que resgatam a memória dos pacientes, incluindo obras de arte criadas por internos, como Arthur Bispo do Rosário, cuja produção artística emergiu de sua vivência no antigo manicômio. A exposição destaca a criatividade dos pacientes, contrastando com a violência histórica a que foram submetidos.
Atualmente, o desafio é consolidar uma sociedade que respeite a diversidade mental e garanta direitos iguais a todos. A luta antimanicomial evoluiu para uma pauta social mais ampla, integrada ao SUS e à defesa da democracia. Eventos como a Semana da Luta Antimanicomial promovem debates e atividades culturais, reforçando a necessidade de cuidado individualizado e inclusão, longe dos horrores do passado. Como afirma um especialista, a verdadeira superação do manicômio só ocorrerá quando a equidade for uma realidade para todos.