O Brasil, um dos maiores produtores e exportadores de carne de frango do mundo, enfrenta incertezas após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária (H5N1) em uma granja comercial, no Rio Grande do Sul. O vírus, detectado em Montenegro (RS), levou ao sacrifício de 17 mil aves e à morte de 38 aves silvestres em um zoológico próximo. Autoridades sanitárias monitoram três casos suspeitos em outros estados, enquanto descartaram metade dos registros sob análise após testes negativos. O Ministério da Agricultura afirma que, se não houver novos casos em 28 dias, o país poderá recuperar seu status livre da doença, seguindo protocolos internacionais.
Apesar do otimismo, especialistas alertam que a vigilância deve permanecer intensa, já que o vírus continua circulando em aves silvestres e há risco de reintrodução. A pesquisadora Mellanie Fontes-Dutra destaca a importância de sequenciar as amostras para identificar possíveis mutações, que poderiam facilitar a adaptação do vírus a mamíferos e humanos. O virologista Fernando Spilki ressalta que novos focos podem dificultar o controle, exigindo medidas mais rigorosas para evitar uma expansão territorial da doença.
O surto nos EUA, que causou prejuízos bilionários e afetou a produção de ovos, serve como alerta para o Brasil. Especialistas reconhecem os esforços brasileiros em manter a gripe aviária longe das granjas comerciais por anos, mas enfatizam a necessidade de reforçar a biossegurança e a vigilância integrada entre saúde animal, humana e ambiental. O país busca preservar sua reputação no mercado internacional e evitar que o vírus se torne uma crise de maiores proporções.