Evanildo Bechara, um dos maiores estudiosos da língua portuguesa e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), faleceu nesta quinta-feira (22), aos 97 anos. Pernambucano de origem, ele construiu uma carreira destacada no Rio de Janeiro, onde foi professor titular em duas universidades públicas. Suas obras influenciaram gerações, desde estudantes até os acadêmicos da ABL, consolidando-o como uma referência no estudo do idioma.
Bechara foi presidente da Comissão de Lexicologia e Lexicografia da ABL, responsável pelo “Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa”. Seu trabalho era reconhecido internacionalmente, inclusive pela Academia de Ciências de Lisboa e pela Universidade de Coimbra, que lhe concedeu o título de doutor honoris causa. Ele foi um dos principais defensores do Acordo Ortográfico de 2009, argumentando que reformas linguísticas são essenciais para o futuro da língua.
Colegas e admiradores lamentaram a perda, destacando sua dedicação ao ensino e à evolução do português. O professor Sérgio Nogueira o chamou de “mestre dos mestres”, enquanto Paulo Henriques Britto, o mais novo imortal da ABL, lembrou seu legado como educador. Bechara acreditava que “a língua não muda; nós é que mudamos a língua”, refletindo sua visão dinâmica e inclusiva do idioma. Sua morte marca o fim de uma era para os estudos linguísticos no Brasil.