Fundada em 1964 por estudantes de engenharia da USP, a Gradiente tornou-se um símbolo da indústria eletrônica brasileira nas décadas de 1970 e 1980, aproveitando políticas de incentivo à produção nacional. Com produtos como rádios, toca-fitas e os famosos “systems” modulares, a empresa expandiu-se rapidamente, abrindo capital na bolsa e adquirindo marcas como a Polyvox e a Garrard. Seu ápice veio com a fabricação do Atari 2600 e a parceria com a Nintendo, tornando-se a única autorizada a produzir consoles da marca fora do Japão.
No entanto, a abertura do mercado brasileiro nos anos 1990 trouxe desafios, com a crescente concorrência de produtos asiáticos. A Gradiente enfrentou crises, entrou em recuperação judicial em 2018 e precisou se desfazer de ativos, licenciando sua marca para sobreviver. Atualmente, sua principal receita vem da locação de galpões em Manaus, onde outrora operava sua fábrica. Em 2024, a empresa anunciou uma nova estratégia no setor de energia solar, buscando capturar 10% do mercado nacional.
Um capítulo curioso de sua história recente foi a disputa judicial com a Apple pelo uso da marca “iPhone” no Brasil, registrada pela Gradiente em 2000 antes do lançamento do smartphone. O caso, ainda em análise pelo STF, reflete a trajetória de uma marca que, mesmo longe de seu auge, continua buscando reinventar-se em um mercado em constante transformação.