O governo brasileiro anunciou na quinta-feira um aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em transações cambiais como parte de um esforço para ampliar a arrecadação. A medida, no entanto, pegou parte da própria equipe econômica de surpresa e gerou críticas do Banco Central, além de preocupações no mercado sobre riscos de fuga de capitais. Diante da reação negativa, o governo recuou poucas horas depois, revertendo as mudanças que afetavam investimentos no exterior, mas mantendo outras alterações, como a elevação de alíquotas para operações de crédito de pessoas jurídicas.
As fontes relataram que o Ministério da Fazenda não discutiu amplamente as mudanças com outras pastas envolvidas nas negociações orçamentárias, e o Banco Central não apoiou a iniciativa, que foi vista como um retrocesso na internacionalização da economia. O ministro Fernando Haddad afirmou que a decisão de recuar foi tomada após ouvir sugestões do mercado, embora tenha reconhecido que as medidas não foram coordenadas com o BC. A falta de alinhamento gerou desconfiança, especialmente porque o governo havia prometido anteriormente não alterar o IOF sobre transações cambiais.
Apesar do recuo parcial, o dólar continuou em alta, refletindo o desconforto do mercado com a forma como as medidas foram comunicadas. Entre as mudanças mantidas está a padronização do IOF em 3,5% para algumas operações, como compras de moeda estrangeira em espécie e uso de cartões internacionais. O governo estima que a reversão parcial reduzirá a arrecadação prevista em R$ 6 bilhões até 2026, enquanto fontes do Planejamento criticam a falta de consulta prévia, alertando para possíveis desafios no fechamento das contas fiscais.