O general Júlio César de Arruda, ex-comandante do Exército, afirmou em depoimento ao STF que a decisão de não cumprir imediatamente uma ordem judicial para dispersar o acampamento em frente ao QG do Exército, após os atos de 8 de janeiro, foi tomada em conjunto com integrantes do governo. Ele destacou que a ação foi coordenada com os então ministros da Justiça, da Casa Civil e da Defesa, visando evitar confrontos e acalmar a situação. Arruda negou ter impedido a polícia de entrar no local, mas admitiu que insistiu na necessidade de uma abordagem coordenada.
Durante o interrogatório, o general evitou responder perguntas mais polêmicas, recorrendo à expressão “não lembro” em várias ocasiões. Ele também se recusou a comentar sobre os motivos de sua demissão no início do governo, afirmando que a questão deveria ser dirigida a quem o exonerou. Arruda reforçou que a transição entre os governos foi conduzida normalmente, sem maiores incidentes.
O depoimento ocorreu no contexto do processo que investiga supostas ações para manter o ex-presidente no poder de forma ilegal. Autoridades citadas pelo general, como os ex-ministros, optaram por não se manifestar sobre as declarações. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, questionou Arruda sobre o atraso no cumprimento da ordem judicial, que só foi executada na manhã seguinte. O militar manteve que sua prioridade era preservar a ordem e evitar escalada de violência.