O Brasil não avançou na redução do analfabetismo funcional, mantendo 29% da população entre 15 e 64 anos incapaz de compreender textos além de palavras isoladas ou frases muito simples, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf). Desse total, 7% estão no nível absoluto, sem conseguir ler palavras ou frases, enquanto 22% estão no nível rudimentar, com habilidades limitadas a textos familiares, como recibos ou receitas, mas sem capacidade para interpretar informações mais complexas. Os dados, coletados entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025 com 2.554 pessoas, mostram que a pandemia agravou o problema, especialmente entre jovens de 15 a 29 anos, cuja taxa subiu de 14% para 16% desde 2018.
Entre os alfabetizados, 36% possuem nível elementar, conseguindo ler textos médios e fazer inferências simples, enquanto 25% atingem o nível intermediário, com habilidades para interpretar notícias e resolver problemas matemáticos básicos. Apenas 10% da população é considerada proficiente, capaz de compreender textos complexos, identificar nuances e elaborar análises críticas. A economista responsável pelo estudo destacou que a estagnação nos índices foi surpreendente, já que a tendência histórica era de queda gradual, e atribuiu parte do retrocesso ao isolamento social durante a pandemia, que limitou não só a educação formal, mas também o convívio em espaços de letramento cotidiano.
A pesquisa revela um desafio persistente para o país, onde quase um terço da população em idade produtiva enfrenta limitações graves de leitura e matemática, impactando sua capacidade de participar plenamente da vida social e econômica. O estudo sugere que, além da recuperação da educação formal, é necessário reforçar oportunidades de aprendizagem em outros contextos, como o trabalho e o lazer, para reverter o cenário. A falta de progresso nos últimos anos exige políticas públicas mais eficazes, especialmente para os jovens, grupo mais afetado pelo recente aumento do analfabetismo funcional.