Zhang Junjie, fundador da Chagee Holdings, empresa chinesa de chá com leite, listou sua companhia na Nasdaq em abril, alcançando uma valorização de mercado de US$ 5,9 bilhões. Apesar das tensões comerciais entre China e EUA, as ações subiram 16% no primeiro dia de negociação, impulsionadas por uma precificação atraente em comparação a concorrentes listados em Hong Kong. Zhang, que tem uma trajetória de vida marcada por superação — órfão aos 10 anos e sem educação formal — construiu uma rede de 6.440 lojas na China e agora mira expansão internacional.
A Chagee se diferencia no mercado ao posicionar-se como marca premium, com bebidas artesanais a preços mais altos que concorrentes como a Mixue. Em 2023, a empresa registrou receita de 12,4 bilhões de yuans, com lucro líquido crescendo 213%. No entanto, analistas alertam para sinais de saturação no mercado doméstico, com queda no valor médio de vendas por loja, o que pode limitar o crescimento futuro. Parte dos recursos do IPO será direcionada à expansão global, mas a presença internacional ainda é modesta, com apenas 156 lojas fora da China.
A escolha pela Nasdaq, em vez de Hong Kong, reflete a estratégia de Zhang para evitar a concorrência acirrada por capital em bolsas asiáticas, onde empresas de tecnologia recebem prioridade. Apesar das ameaças do governo Trump de restringir listagens chinesas nos EUA, investidores apostaram na Chagee, atraídos pela avaliação relativamente baixa e pelo potencial de ganhos rápidos. O caso ilustra como empreendedores chineses estão navegando em um cenário geopolítico complexo para capturar oportunidades globais.