José Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, faleceu aos 89 anos, deixando um legado marcado por polêmicas e avanços progressistas. Conhecido como “o presidente mais pobre do mundo”, Mujica governou de 2010 a 2015, reduzindo a pobreza de 37% para 11% e aumentando o salário mínimo em 250%. Sua vida simples, morando em um sítio humilde e dirigindo um Fusca 1978, contrastava com suas políticas ousadas, como a legalização da maconha, do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Apesar de declarações controversas sobre líderes regionais, ele manteve aliados importantes, como o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Mujica começou sua trajetória como floricultor e ingressou na guerrilha dos Tupamaros, sendo preso quatro vezes durante a ditadura uruguaia (1973-1985). Anistiado, iniciou sua carreira política, tornando-se ministro da Agricultura e, posteriormente, presidente. Sua abordagem pragmática sobre temas polêmicos, como a descriminalização das drogas, baseava-se na ideia de combater o narcotráfico, não os usuários. Sua popularidade ao deixar o cargo atingiu 65%, refletindo o apoio a suas reformas.
Após a presidência, Mujica continuou ativo no Senado até 2018. Em 2024, anunciou um câncer no esôfago, que se espalhou para o fígado. Sua morte encerra a vida de uma figura que, entre contradições, defendeu a sobriedade no viver e transformou o Uruguai em referência progressista na América Latina.