José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, faleceu aos 89 anos após lutar contra um câncer no esôfago. Sua vida foi marcada por duas fases distintas: a de guerrilheiro nos anos 1960, quando integrou o movimento Tupamaros e foi preso por 14 anos, e a de líder político pós-ditadura, contribuindo para a transição do grupo para a legalidade. Ele se tornou uma figura central na Frente Ampla, chegando à presidência em 2009 e apoiando a ascensão de seu herdeiro político, Yamandú Orsi, em 2024.
Mujica ficou conhecido por promover o diálogo e a despolarização no Uruguai, aproximando figuras de diferentes espectros ideológicos, como demonstrado em sua participação na posse do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. Seu estilo de vida simples, rejeitando o consumismo e doando a maior parte de seu salário, tornou-o um símbolo global. Durante seu mandato, aprovou leis progressistas, como a legalização do aborto e da maconha, além de ampliar políticas sociais.
Além de sua influência no Uruguai, Mujica foi um ícone da esquerda latino-americana, mantendo relações com líderes como Lula e Hugo Chávez, mas também criticando regimes autoritários na região. Sua filosofia de vida, centrada na simplicidade e na defesa de causas, deixou um legado duradouro, inspirando discussões sobre consumo, trabalho e prioridades humanas.