O Brasil registrou pelo menos quatro mortes por febre oropouche em 2025, sendo três no Rio de Janeiro e uma no Espírito Santo. Esses foram os primeiros óbitos confirmados pela doença no mundo, desde seu surgimento no país em julho do ano passado. Até 16 de maio, o Ministério da Saúde documentou 10.072 casos, um aumento de 56,4% em relação ao mesmo período de 2024. O Espírito Santo é o estado mais afetado, com 6.118 infecções, seguido pelo Rio de Janeiro, Paraíba e Ceará. Pessoas entre 20 e 59 anos representam a maioria dos infectados, mas há também registros em menores de um ano.
A alta nos casos está associada à ampliação de testes diagnósticos e à detecção de uma nova linhagem do vírus, identificada pela Fiocruz. Especialistas apontam que mudanças climáticas, desmatamento e migrações humanas contribuíram para a disseminação. A doença, transmitida pelo mosquito Culicoides paraensis (maruim), tem ciclos silvestre e urbano, mas, por enquanto, sua transmissão explosiva em cidades é considerada improvável. No entanto, há preocupação com possíveis mutações que facilitem sua adaptação a mosquitos urbanos.
Os sintomas da febre oropouche são semelhantes aos da dengue, mas casos graves podem afetar o sistema nervoso central, causando meningite ou encefalite. Pesquisas recentes também investigam uma possível ligação entre a infecção em gestantes e malformações fetais, como microcefalia, embora mais estudos sejam necessários. Como não há tratamento específico, o manejo é baseado em alívio de sintomas e hidratação. A prevenção inclui uso de repelentes, eliminação de criadouros de mosquitos e atenção às orientações das autoridades locais de saúde.