As principais feiras agropecuárias do Brasil, como a Agrishow em Ribeirão Preto, funcionam como termômetros para os investimentos do setor, com negociações que somam bilhões de reais. Tradicionalmente, os produtores aguardam o lançamento do Plano Safra, anunciado entre maio e junho, para concretizar negócios. No entanto, em 2024, a incerteza sobre as taxas de juros, com a Selic em patamares elevados, tem levado os agricultores a buscar alternativas de crédito além das linhas tradicionais, como consórcios, financiamentos em dólar e leasing.
Executivos do setor, como representantes da Case IH e da Baldan Implementos Agrícolas, destacam que os produtores estão mais pragmáticos e diversificando suas fontes de financiamento. Ferramentas como a Taxa Fixa BNDES em Dólar (TFBD) e linhas de crédito estaduais, como a Agromáquinas da Desenvolve SP, ganharam espaço. A mudança reflete uma adaptação à realidade de juros altos, com os agricultores priorizando previsibilidade de custos e proteção contra a volatilidade da moeda local.
Apesar do cenário desafiador, há otimismo para os próximos anos, com expectativa de recuperação gradual do setor até 2026. Enquanto o Plano Safra perde protagonismo, as empresas têm investido em soluções próprias, como bancos de fomento e condições promocionais, para atender a demanda por máquinas e equipamentos. O agronegócio brasileiro, embora pressionado pelo custo do capital, mantém fundamentos sólidos e se adapta às novas dinâmicas do mercado financeiro.