A Tilray, empresa canadense que foi pioneira no setor de cannabis ao abrir capital na Nasdaq em 2018, enfrenta desafios significativos após anos de queda no valor de suas ações. Apesar de ter alcançado um valuation histórico de US$ 17 bilhões em 2018, as ações despencaram para menos de US$ 1, pressionadas pela estagnação na legalização federal da maconha nos EUA e pela concorrência acirrada no mercado canadense. Sob a liderança do CEO Irwin Simon, a empresa busca se reinventar, diversificando seus negócios com aquisições de cervejarias artesanais e destilarias, além de investir em bebidas com THC derivado de cânhamo, legalizadas nos EUA.
A estratégia de Simon visa reduzir a dependência da cannabis, que hoje representa 35% da receita da empresa, enquanto as bebidas alcoólicas respondem por 25%. A Tilray também opera uma divisão farmacêutica na Europa e uma linha de bem-estar com produtos à base de cânhamo. No entanto, o mercado canadense de cannabis, saturado e com margens reduzidas, continua sendo um obstáculo. A empresa ainda enfrenta prejuízos, embora tenha reduzido as perdas e mantido um caixa de US$ 230 milhões.
Analistas destacam que a Tilray está melhor posicionada que muitas concorrentes, mas o setor como um todo sofre com o desinteresse de investidores institucionais e o sentimento negativo do mercado. Simon compara a trajetória da empresa com a de gigantes do tabaco, como a Philip Morris, e acredita que a diversificação pode pavimentar um caminho para a recuperação. Enquanto aguarda mudanças na legislação americana, a aposta em bebidas com THC e a consolidação de marcas de cerveja artesanal podem ser a chave para reverter o declínio.