A amizade entre o ex-presidente uruguaio José Pepe Mujica e o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro remonta aos anos 1970, quando Genro se exilou no Uruguai durante a ditadura militar brasileira. Mujica, que também enfrentou perseguição política em seu país, tornou-se uma figura emblemática pela resistência e tolerância. A relação entre os dois se fortaleceu nas décadas seguintes, especialmente durante seus mandatos simultâneos, entre 2011 e 2015, quando buscaram estreitar laços entre o RS e o Uruguai.
Mujica, que faleceu nesta terça-feira (13) aos 89 anos vítima de câncer no esôfago, era conhecido por sua simplicidade e visão humanista. Genro destacou sua capacidade de diálogo até com adversários, além da resiliência após as torturas sofridas na ditadura uruguaia. Encontros entre os dois durante seus governos abordaram projetos para o futuro da região, com Mujica sendo visto como um renovador da esquerda latino-americana.
A morte do ex-presidente foi lamentada pelo atual mandatário uruguaio, Yamandú Orsi, que o definiu como uma “referência e líder”. Mujica deixa um legado marcado pelo discurso em favor da felicidade coletiva e pela vida simples, simbolizada por seu Fusca 1987. Sua esposa, Lucía Topolansky, confirmou que ele estava em cuidados paliativos antes do falecimento, encerrando uma trajetória que inspira até hoje.