Em julho de 2022, um ex-presidente da Câmara dos Deputados pediu ao então ajudante de ordens da Presidência que intercedesse junto ao ex-presidente da República para evitar um recurso da Advocacia-Geral da União (AGU). O pedido ocorreu após o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) anular os efeitos da cassação do ex-parlamentar, restituindo sua elegibilidade. As mensagens trocadas foram encontradas no celular do militar, que continha mais de 158 mil conversas e 20 mil arquivos.
Na troca de mensagens, o ex-deputado agradeceu e solicitou que o auxiliar transmitisse ao então presidente o pedido para que a AGU não recorresse da decisão judicial. Não há registro de que o pedido tenha sido efetivamente repassado, mas a AGU, então sob o comando de Bruno Bianco Leal, não recorreu da sentença. O ex-parlamentar, figura central no impeachment de uma ex-presidente, candidatou-se a deputado federal naquele ano, mas não foi eleito, recebendo pouco mais de 5 mil votos.
O caso revela a movimentação política em torno da recuperação de direitos políticos e a influência de figuras do Executivo em decisões jurídicas. A ausência de recurso da AGU permitiu que o ex-deputado pudesse concorrer nas eleições, embora sem sucesso. A reportagem não encontrou evidências de que o então presidente tenha atendido ao pedido diretamente.