A ex-ministra do Meio Ambiente destacou que as discussões sobre mudanças climáticas estão intrinsecamente ligadas a interesses econômicos e geopolíticos, não sendo uma agenda puramente ambiental. Em evento promovido pela Associação Comercial de São Paulo, ela afirmou que os países operam em um jogo de poder, onde riscos climáticos influenciam a estabilidade do sistema financeiro, o custo do dinheiro e a disputa tecnológica entre China e Estados Unidos. O Acordo de Paris, segundo ela, surgiu como uma estratégia para reinserir os EUA no debate global, após a recusa do país em ratificar o Protocolo de Kyoto.
A ex-ministra criticou a postura dos Estados Unidos, que, apesar de possuir uma das ciências climáticas mais avançadas do mundo, ainda demonstra resistência em priorizar a questão. Ela ressaltou a importância de métricas e conhecimento científico, contrastando com a visão de que decisões podem ser baseadas em “achismos”. Além disso, apontou a relutância histórica de nações desenvolvidas em assumir os custos das emissões, mesmo sendo as maiores responsáveis por elas.
Por fim, lembrou a posição estratégica do Brasil, que firmou acordos bilaterais com China e EUA, mas optou por não assinar a Declaração de Nova York sobre Florestas em 2015. Na ocasião, o país alegou falta de consulta prévia e ausência de critérios claros sobre o desmatamento permitido. A ex-ministra enfatizou a necessidade de pragmatismo e realidade nas discussões climáticas, evitando simplificações ou ignorância privilegiada.