O ex-diretor de Operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que as blitz realizadas em ônibus com destino ao Nordeste durante o segundo turno das eleições de 2022 foram solicitadas pelo Ministério da Justiça. A operação, coordenada pela Secretaria de Operações Integradas (Seopi), tinha como objetivo identificar transporte irregular de eleitores e movimentação suspeita de grandes quantias em dinheiro, principalmente em veículos que partiam de São Paulo e do Centro-Oeste.
A ação gerou controvérsia na época, sendo acusada de dificultar o acesso de eleitores nordestinos às urnas, região onde um dos candidatos tinha vantagem nas pesquisas. O ex-diretor negou qualquer intenção de interferir no pleito, afirmando que as abordagens seguiram critérios técnicos e não políticos. No entanto, depoimentos de outros servidores da PRF sugeriram que havia orientações internas para reforçar as fiscalizações em determinadas rotas.
O caso está sendo analisado pelo STF como parte de uma ação penal que investiga supostas tentativas de subverter o resultado eleitoral. O depoimento integra a fase de oitivas das testemunhas de defesa de um dos réus, e as audiências devem seguir até o início de junho, com a escuta de outros envolvidos no governo anterior.