O ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou, em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que houve ações direcionadas para impedir o trânsito de eleitores durante o segundo turno das eleições de 2022. Segundo ele, ordens partiam de ex-diretores da PRF, que pressionavam agentes a parar ônibus, caracterizando uma atuação parcial. O ex-coordenador destacou ainda que parte da corporação reprovava a aproximação excessiva com o então presidente, incluindo o uso de motocicletas da PRF em eventos políticos.
Em outro depoimento, um agente de inteligência relatou que produziu relatórios sob solicitação da Secretaria de Inteligência do Ministério da Justiça, sem saber que seriam usados para justificar operações ilegais. Ele afirmou ter ficado “apavorado” ao descobrir o real propósito dos dados, que incluíam blitze em cidades sem fluxo relevante de trânsito. Os depoimentos integram o inquérito sobre o núcleo considerado central no suposto plano golpista.
O processo envolve oito réus, incluindo um ex-presidente e militares, acusados de crimes como organização criminosa e tentativa de golpe. Até junho, 82 testemunhas serão ouvidas, antes dos interrogatórios dos acusados. A expectativa é que o julgamento, que decidirá sobre condenação ou absolvição, ocorra ainda este ano.