O ex-comandante da Aeronáutica confirmou em depoimento ao STF que, em 2022, o então comandante do Exército alertou o ex-presidente sobre a possibilidade de prisão caso medidas excepcionais, como a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), fossem adotadas. O aviso teria sido feito de forma educada, mas firme, durante reuniões que discutiam um relatório sobre as eleições. Na ocasião, havia preocupação com a radicalização social e a possibilidade de convulsão, mas o ex-comandante destacou que, em determinado momento, percebeu que o objetivo real das medidas era impedir a posse do candidato eleito.
Em dezembro de 2022, um documento propunha medidas mais extremas, como Estado de Sítio e Estado de Defesa. O ex-comandante relatou que, ao questionar se a intenção era barrar a posse do presidente eleito, o então ministro da Defesa silenciou, confirmando suas suspeitas. Ele afirmou ter deixado a reunião por discordar da proposta, assim como o então comandante do Exército, enquanto o representante da Marinha manteve uma postura passiva e, em certo momento, ofereceu tropas ao ex-presidente.
O depoimento é parte de uma ação penal que investiga tentativas de golpe, com foco nas reuniões realizadas no final de 2022. O ex-comandante da Aeronáutica reforçou que as Forças Armadas analisavam a conjuntura social, mas que houve um “ponto de corte” quando ficou claro que o objetivo ultrapassava a garantia da ordem. O caso segue em tramitação no STF, com base nas denúncias da Procuradoria-Geral da República.