Um ex-analista de inteligência do Ministério da Justiça afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que recebeu pedidos para elaborar estudos sobre a distribuição de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Segundo ele, as solicitações partiram de uma autoridade da pasta e incluíam análises sobre concentração de votos e possíveis correlações entre áreas de forte apoio a um dos candidatos e regiões dominadas por grupos criminosos. O depoimento integra o processo que investiga alegações de tentativa de interferência no pleito.
Relatórios do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE-RN) indicam que as operações da PRF durante o segundo turno podem ter atrasado eleitores, especialmente no Nordeste, região com tradicional alta votação para um dos candidatos. Dados mostram que a PRF realizou mais de 560 blitze na região, número significativamente superior ao de outras áreas do país. A defesa do ex-diretor da PRF argumenta que as ações seguiram procedimentos normais, baseados em demandas locais e estatísticas de criminalidade.
O caso continua em tramitação no STF, com o interrogatório de testemunhas conduzido pelo ministro relator. As investigações buscam apurar se houve uso indevido de recursos públicos para influenciar o resultado eleitoral, enquanto as partes envolvidas mantêm versões divergentes sobre as motivações das operações.