O ex-advogado-geral da União (AGU), Bruno Bianco, relatou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o então presidente, acompanhado de comandantes militares e do ministro da Defesa, o procurou após o segundo turno das eleições de 2022. Segundo seu depoimento, o objetivo foi questionar a possibilidade de reverter o resultado que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva. Bianco afirmou ter respondido que o processo eleitoral foi transparente e não apresentou problemas jurídicos.
A reunião, cuja existência foi questionada pelo procurador-geral da República, ocorreu após a confirmação da vitória de Lula com 50,9% dos votos válidos. Pouco depois do resultado, caminhoneiros iniciaram bloqueios em rodovias, contestando a derrota, movimento que evoluiu para acampamentos em frente a quartéis. Esses eventos antecederam a invasão e vandalismo dos prédios dos Três Poderes em Brasília por manifestantes no dia 8 de janeiro de 2023. Bianco prestou depoimento como testemunha de defesa do ex-ministro da Justiça, réu em ação penal sobre suposta tentativa de golpe.
O STF ouviu também outros ex-ministros do governo anterior nesta quinta-feira, terceiro dia de depoimentos. Adolfo Sachsida (Minas e Energia) declarou não ter notado desconfiança relevante sobre urnas eletrônicas em reunião ministerial de julho de 2022. Já Wagner Rosário (CGU) afirmou que o mesmo encontro não discutiu ruptura institucional, focando apenas em aprimoramentos para as urnas. A defesa do ex-ministro da Justiça desistiu de ouvir outros três ex-integrantes do governo convocados.