O ex-advogado-geral da União confirmou ao Supremo Tribunal Federal que, após as eleições de 2022, foi procurado pelo então presidente da República. Na ocasião, acompanhado por comandantes militares e pelo então ministro da Defesa, o ex-presidente questionou sobre eventuais problemas jurídicos no resultado que consagrou o adversário. O ex-advogado-geral respondeu que o processo eleitoral havia sido transparente e não identificou irregularidades passíveis de contestação.
O depoimento integra a ação penal que investiga supostos atos contra a ordem democrática, onde o ex-advogado-geral é testemunha de defesa. No mesmo dia de audiências, outros ex-integrantes do governo anterior prestaram declarações. Um ex-ministro afirmou que suspeitas sobre urnas eletrônicas levantadas em reunião ministerial em julho de 2022 não lhe chamaram a atenção. Outro ex-ministro negou que naquela mesma reunião tenha havido discussões sobre ruptura institucional, dizendo que os debates focaram em aprimoramentos técnicos para garantir a fidedignidade do pleito.
A reunião descrita pelo ex-advogado-geral ocorreu após a confirmação dos resultados do segundo turno. Pouco depois, manifestações de setores que não reconheciam o resultado eleitoral levaram a bloqueios em rodovias e acampamentos próximos a quartéis. Esses eventos antecederam os atos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram prédios dos Três Poderes em Brasília. As audiências no STF seguem colhendo testemunhos relacionados ao caso.