Um estudo divulgado pelo Instituto Fogo Cruzado mostra que a chamada bancada da bala, composta por 23 congressistas, apresenta uma produção de projetos de lei (PLs) 68% acima da média do Congresso Nacional. No entanto, apenas 7% dessas propostas tratam diretamente de armas e munições. A maioria concentra-se em segurança pública, endurecimento penal e pautas moralizantes, como restrições a conteúdos educacionais sobre gênero e eventos LGBTQIA+, além de medidas punitivas para adolescentes.
A pesquisa mapeou 739 PLs protocolados entre 2023 e 2024, sendo a maioria (78) sobre segurança pública e 73 sobre alterações no Código Penal. Apesar da alta produtividade, o avanço legislativo é limitado: apenas quatro projetos viraram lei, nenhum relacionado ao armamento. O relatório destaca que o grupo, majoritariamente formado por homens e profissionais de segurança pública, prioriza mobilizar bases eleitorais em vez de promover mudanças efetivas.
Segundo analistas, as proposições têm função mais discursiva do que prática, servindo para consolidar apoio político. A gerente de pesquisa do instituto, Terine Coelho, ressalta que as iniciativas focam em medidas punitivas e restritivas, em vez de fortalecer redes de proteção ou ampliar direitos sociais. O estudo sugere que, apesar do volume de projetos, a atuação desses parlamentares é mais voltada para o exterior do Congresso do que para o debate legislativo interno.