Uma análise publicada na revista *The Lancet* estima que 18,9% das mulheres e 14,8% dos homens em todo o mundo sofreram violência sexual antes dos 18 anos. A pesquisa, que abrange 204 países entre 1990 e 2023, destaca variações regionais significativas, com as taxas mais altas entre meninas no Sul da Ásia (26,8%) e meninos na África Subsaariana (18,6%). Países como Índia, EUA e Reino Unido também apresentam números alarmantes, reforçando a urgência de intervenções preventivas direcionadas à infância e adolescência.
Os sobreviventes enfrentam consequências graves, incluindo transtornos depressivos, ansiedade, uso de substâncias e problemas de saúde a longo prazo, como asma e infecções sexualmente transmissíveis. Além disso, impactos indiretos, como desenvolvimento individual limitado e prejuízos educacionais e econômicos, são frequentes. Os autores destacam a necessidade de vigilância rotineira e de sistemas de apoio multidisciplinares, incluindo programas educacionais e suporte psicológico, para mitigar os danos.
A pesquisa aponta desafios na coleta de dados, como subnotificação e variações metodológicas, mas reforça a importância de ações globais coordenadas. Organizações governamentais e não governamentais são convocadas a ampliar recursos para prevenção e apoio aos sobreviventes. No Brasil, onde os casos de violência sexual aumentaram nos últimos anos, a situação exige políticas públicas eficazes, como a retomada da educação sexual nas escolas, para combater esse problema de saúde pública e direitos humanos.