Um levantamento da Polícia Federal revelou que diversas entidades com convênios junto ao INSS atuavam como “laranjas” para empresários, que controlavam o fluxo financeiro e lucravam com descontos indevidos em benefícios previdenciários. Ao menos sete associações arrecadaram juntas cerca de R$ 1,7 bilhão, enquanto seus dirigentes formais incluíam pessoas de baixa renda, como beneficiários do Bolsa Família e idosos, sem participação efetiva nas operações. Advogados, empresários e servidores públicos seriam os verdadeiros responsáveis pelo esquema, utilizando acordos de cooperação técnica para desviar recursos.
Entre as entidades citadas, destacam-se a Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB) e a Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN), que movimentaram R$ 168 milhões e R$ 233 milhões, respectivamente. Investigações apontam que os contratos foram reativados sob gestões anteriores do INSS, com suspeitas de envolvimento de servidores e intermediários em repasses ilícitos. Documentos mostram que advogados ligados a figuras investigadas assumiram o controle das operações, realizando viagens internacionais e recebendo valores vultosos.
A estrutura descrita pela PF sugere uma organização criminosa sofisticada, com indícios de lavagem de dinheiro e uso de testas de ferro para ocultar os verdadeiros responsáveis. A Controladoria-Geral da União (CGU) estima um prejuízo de até R$ 6,3 bilhões aos aposentados, levando à exoneração do presidente do INSS e à suspensão dos convênios. O caso já motivou pedidos para a instalação de uma CPI na Câmara dos Deputados, reforçando a gravidade das irregularidades.