A coluna “Inquietudes” surge da necessidade de explorar temas contemporâneos que geram desconforto, mas também ressoam coletivamente. Combinando uma abordagem jornalística com narrativas pessoais, a autora descobre que sua prática se alinha com a “escrita de si”, um conceito estudado pelo filósofo Michel Foucault e enraizado em tradições antigas. Essa forma de expressão, presente em gêneros como autobiografias, crônicas e até mensagens digitais, serve como ferramenta para processar traumas e refletir sobre questões sociais, raciais e de gênero.
A escrita de si oferece uma alternativa à busca de perfeição das redes sociais, ao expor sombras e contradições humanas. Segundo a pesquisadora Bianca Santana, ao compartilhar vivências individuais, o autor também retrata seu contexto social, tornando a narrativa universal. Essa prática não apenas aproxima leitores de suas próprias experiências, mas também desafia estruturas de poder, como destacado por Foucault, ao permitir que indivíduos reclaimem sua subjetividade como ato de resistência.
Apesar de sua potência transformadora, a escrita de si é vista como uma ameaça por aqueles que detêm o poder, evidenciado por tentativas de censura em instituições educacionais. A coluna reforça como essa prática, seja em artigos, diários ou até mensagens cotidianas, é um espaço de liberdade e autodescoberta, contrastando com opressões sociais e políticas.