Atafona, distrito de São João da Barra no norte do Rio de Janeiro, está sendo gradualmente engolida pelo mar, com cerca de 500 edifícios já submersos. A erosão, agravada por barragens no rio Paraíba do Sul e pelas mudanças climáticas, avança há décadas, destruindo casas, ruas e memórias. Moradores como Sônia Ferreira, que perdeu duas propriedades, testemunham o avanço implacável do oceano, que já consumiu cinco metros de terra por ano nas últimas sete décadas.
Pesquisadores da Universidade Federal Fluminense explicam que o fenômeno tem causas naturais, mas foi intensificado pela ação humana. As barragens reduziram a vazão do rio e a quantidade de sedimentos, desequilibrando o ciclo de erosão e recuperação costeira. Somado a isso, o aumento do nível do mar devido ao aquecimento global criou uma “tempestade perfeita”, colocando Atafona entre as 31 localidades mais ameaçadas do mundo pela elevação dos oceanos.
Apesar dos estudos sugerirem a realocação das famílias, muitos resistem à ideia, incluindo pescadores e o poder público. Enquanto a comunidade luta para preservar seu território, a situação serve como um alerta sobre os impactos das mudanças climáticas e da interferência humana no meio ambiente. Como afirma Sônia Ferreira, “a gente sabe que não cuidou direito do planeta, mas nem por isso vai ficar de braços cruzados”.