O primeiro de uma série de quatro encontros promovidos pela ONG Criola reuniu ativistas e especialistas no Rio de Janeiro para debater os impactos das mudanças climáticas e dos direitos ambientais sobre a população negra, com foco especial nas mulheres. O evento, intitulado “Mulheres Negras Construindo o Futuro com Justiça Climática: por Reparação e Bem Viver”, destacou a necessidade de maior participação política desse grupo em espaços de decisão, já que são as mais afetadas pelos efeitos do clima, apesar de contribuírem menos para as emissões de gases de efeito estufa. A iniciativa também serve como preparação para a COP30, conferência da ONU sobre o clima que ocorrerá em Belém em novembro deste ano.
Entre as demandas levantadas estão questões como enchentes, tratamento de resíduos sólidos e a vulnerabilidade de mulheres de terreiro e moradoras de periferias e favelas. Mônica Sacramento, coordenadora da Criola, enfatizou a urgência de incluir mulheres negras nos debates e soluções climáticas, já que essas vozes frequentemente ficam à margem das discussões políticas. O encontro contou com a participação de 29 lideranças negras do Rio de Janeiro, incluindo representantes de movimentos sociais e grupos de pesquisa.
Além da COP30, as reivindicações discutidas no evento também serão levadas para a Marcha das Mulheres Negras, marcada para ocorrer em Brasília logo após a conferência. O objetivo é ampliar a discussão sobre reparação histórica e bem viver, garantindo que as demandas das mulheres negras sejam incorporadas nas políticas públicas e nas ações globais contra as mudanças climáticas.