A vitória da coligação de centro-direita Aliança Democrática nas eleições portuguesas foi eclipsada pelo crescimento do partido de extrema direita Chega, que empatou com os socialistas e rompeu com meio século de bipartidarismo no país. Com uma plataforma anti-imigração e contrária aos direitos LGBTQIA+, o Chega se consolidou como força política relevante, exigindo espaço no governo ou como principal voz da oposição. Seu líder celebrou o resultado como histórico, enquanto o primeiro-ministro, reeleito, enfrenta o desafio de governar sem maioria parlamentar, dependendo de apoios para garantir estabilidade.
A coligação vencedora conquistou 86 assentos, insuficientes para a maioria absoluta, deixando o governo refém tanto dos socialistas quanto do Chega, que obtiveram 58 deputados cada. O premiê evitou reafirmar sua rejeição anterior a negociar com a extrema direita, sinalizando possível abertura em seu discurso pós-eleitoral. Enquanto isso, o Chega expandiu sua influência, especialmente no sul do país, capitalizando o descontentamento eleitoral com temas como segurança e imigração.
O resultado reflete uma virada à direita no cenário político português, alinhando-se a tendências observadas em outros países europeus. Os socialistas e a esquerda, outrora dominantes, sofreram uma derrota expressiva, marcando o fim de uma era. A incerteza sobre a formação de um governo estável persiste, com o Chega pressionando por maior participação no poder, enquanto o centro-direita tenta equilibrar suas promessas de governabilidade com a rejeição a concessões radicais.