Especialistas do mercado financeiro destacaram, durante seminário da Fundação Getúlio Vargas (FGV), preocupações com a trajetória da inflação no Brasil, que deve manter a política monetária restritiva por um longo período. Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, projetou um IPCA entre 5,5% e 5,6% em 2024, com leve desaceleração para 4,7% em 2025, mas alertou que parte da queda se deve a fatores temporários, como a redução no preço das carnes. Ele criticou discussões sobre cortes na Selic, sugerindo que o debate deveria ser se há espaço para novos aumentos.
Tatiana Pinheiro, da Galapagos, mostrou-se mais otimista, citando o cenário internacional desinflacionário como fator de alívio. No entanto, ela reconheceu que os juros reais acima de 9% devem frear a atividade econômica, projetando um PIB abaixo de 2% em 2024. Roberto Padovani, do Banco BV, enfatizou que o importante não é um eventual novo aumento da Selic, mas a manutenção dos juros em patamar elevado por tempo prolongado. Ele prevê um PIB de apenas 1,9% este ano, com inflação em 5,3%.
Os economistas também expressaram preocupação com 2026, ano eleitoral que pode trazer pressões inflacionárias. Padovani antevê um possível reaquecimento da economia impulsionado por medidas governamentais, combinado com cortes de juros pelo Banco Central, o que poderia reacender a inflação. O seminário contou com a participação do diretor de Política Monetária do BC, Nilton David, que não comentou as projeções dos analistas.