A decisão de abrasileirar os preços dos combustíveis pela Petrobras completa dois anos, marcando uma mudança significativa em relação à antiga política de paridade de importação (PPI). A nova estratégia, implementada sob o comando do então presidente da estatal, prioriza o custo alternativo do cliente e o valor marginal para a empresa, buscando reduzir a dependência de importações e estabilizar os preços no mercado interno. Embora a medida tenha sido bem recebida inicialmente pelo mercado financeiro, com ações da Petrobras subindo mais de 5%, ainda gera divergências entre especialistas e setores do mercado.
De acordo com análise do Ineep, a política conseguiu mitigar a volatilidade dos preços internacionais, especialmente para o diesel, com reduções significativas nas refinarias. No entanto, essa queda não se refletiu totalmente nos preços finais aos consumidores, influenciada por fatores como desvalorização cambial e tributações. Enquanto o diesel teve queda modesta de 0,3%, a gasolina registrou aumento de 25,5% no mesmo período, evidenciando desafios estruturais e conjunturais.
A falta de transparência na nova política é um ponto de crítica entre analistas e importadores, que destacam dificuldades para planejamento e investimentos no setor. Embora a Petrobras tenha buscado equilibrar interesses do governo e acionistas, especialistas argumentam que a mudança desincentivou a concorrência no refino, limitando possíveis quedas de preços. Distribuidoras, por sua vez, adaptaram-se a um mix de fornecedores, mas enfrentam incertezas devido aos leilões da estatal, que ainda geram instabilidade no abastecimento.