Há dois anos, a Petrobras adotou uma nova política de preços para os combustíveis, substituindo a paridade de importação (PPI) por uma estratégia que prioriza custos alternativos e o mercado brasileiro. A mudança, defendida como forma de reduzir a volatilidade internacional e fortalecer a autonomia do país, foi inicialmente bem recebida pelo mercado financeiro, com ações da empresa subindo mais de 5%. No entanto, a medida ainda divide opiniões, equilibrando-se entre a pressão por preços acessíveis aos consumidores e a necessidade de manter atratividade para acionistas.
A análise do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo (Ineep) aponta que a política cumpriu parcialmente seus objetivos, reduzindo preços nas refinarias e mitigando oscilações bruscas. Entre janeiro de 2023 e abril de 2025, o diesel teve queda de 20,9% e a gasolina, 4,0% no atacado, mas o repasse ao consumidor foi menor, com o diesel caindo apenas 0,3% e a gasolina subindo 25,5%. Fatores como turbulências geopolíticas, desvalorização cambial e dinâmicas tributárias limitaram a eficácia da medida.
Críticos, como representantes de importadores e analistas do mercado, destacam a falta de transparência e previsibilidade da nova política, que dificulta o planejamento de empresas do setor. Embora a Petrobras tenha buscado equilibrar interesses, questões como leilões de combustíveis e a opacidade nos critérios de reajuste continuam gerando incertezas. O debate permanece aberto: enquanto alguns enxergam ganhos em estabilidade, outros questionam se a estratégia realmente beneficia o consumidor ou inibe a concorrência no setor.