Pesquisas indicam que o rompimento entre pais e filhos tem se tornado cada vez mais frequente, embora ainda seja um tema cercado de tabus. Estudos realizados nos Estados Unidos e na Alemanha mostram que entre 6% e 26% das pessoas já se distanciaram de pelo menos um dos pais, seja por conflitos acumulados, diferenças políticas ou questões de identidade. Especialistas destacam que, embora o individualismo e as redes sociais amplifiquem esse fenômeno, a decisão nem sempre é fácil e pode envolver sentimentos contraditórios de alívio e culpa.
As razões para o afastamento variam desde abusos emocionais e negligência até dinâmicas familiares desgastantes, como conflitos pós-divórcio ou rejeição à orientação sexual dos filhos. Lucy Blake, pesquisadora da Universidade do Oeste da Inglaterra, ressalta que muitos casos estão ligados a padrões de criação rígidos ou controladores. No entanto, psicólogos alertam que a memória pode ser seletiva, e nem sempre as lembranças negativas refletem a realidade completa, o que complica ainda mais a tomada de decisão.
A reconciliação, embora possível, não é garantida. Estudos apontam que cerca de 62% das pessoas que se afastaram das mães e 44% daqueles que romperam com os pais conseguiram restabelecer o contato, mesmo que temporariamente. Especialistas sugerem que um distanciamento temporário pode ser mais saudável do que um corte definitivo, permitindo reflexão e, em alguns casos, a reconstrução de laços. A chave, segundo os pesquisadores, está no equilíbrio entre autopreservação e empatia, reconhecendo que os pais também são humanos e sujeitos a falhas.